O Ritual do Traço: A Metafísica do Cotidiano Por Marcelo Maria de Castro
Eu, Marcelo Maria de Castro, convido-te a parar o relógio e a silenciar o ruído do mundo para descobrires que o desenho não é um dom reservado a poucos, mas um ato de coragem e contemplação acessível a qualquer um que se permita ver de verdade. Para começarmos esta jornada de desenho contemplativo, quero que prepares agora um café quente ou um chá; o aroma será o teu convite e a temperatura da bebida será o teu cronômetro, pois a experiência do desenho durará exatamente o tempo que levares para beber o conteúdo da tua xícara, sem pressa, gole a gole, traço a traço.
Com o teu lápis grafite HB na mão, vamos tecer uma crítica à própria realidade do papel: buscaremos uma metafísica onde o desenho questiona a sua existência ao representar-se a si mesmo. Organiza a tua folha dividindo-a mentalmente em duas realidades. Na metade superior, compõe a tua natureza morta — a garrafa de água, o copo e a tua xícara — distribuindo-os com harmonia e equilíbrio, deixando que dialoguem entre si pelo espaço vazio que os separa. Na metade inferior, farás o movimento mais audacioso: desenharás a própria folha de papel em perspectiva, com o lápis repousado sobre ela, como se tu fosses um observador externo olhando para o teu próprio processo criativo, um desenho dentro do desenho, provando que a arte é um espelho infinito.
Não te preocupes com o realismo fotográfico, foca-te apenas no que Betty Edwards nos ensinou para despertar o lado direito do cérebro. Pensa apenas nos três pilares da forma: sente o peso da linha, variando a pressão do grafite para criar profundidade; observa atentamente o ângulo da linha comparando as verticais e horizontais dos objetos; e mede o comprimento da linha, relacionando o tamanho da garrafa com o copo. Esquece os nomes "garrafa" ou "copo", vê apenas arestas, sombras e relações. Respira fundo, prova o teu café e deixa a mão fluir.
Boa sorte nesta descoberta.
Dicas Adicionais para a tua Prática
Para te ajudar a visualizar o processo descrito acima, aqui estão alguns pontos de apoio baseados na imagem que enviaste e na teoria do desenho:
* A Preparação (O Cronômetro Líquido): A ideia de limitar o tempo ao consumo da bebida ajuda a combater o perfeccionismo. Quando o café acabar, o desenho está pronto. Isso obriga-te a sintetizar o que vês.
* Os 3 Pilares (Segundo Betty Edwards):
1. Peso: Use linhas mais escuras onde o objeto toca a mesa ou onde há sombra (base do copo, lado da garrafa). Use linhas leves onde a luz bate.
2. Ângulo: Não desenhe o que você "acha" que é a boca do copo. Olhe para o ângulo real da elipse. Use o lápis como régua visual para checar a inclinação.
3. Comprimento: Compare tamanhos. Quantas vezes a altura da xícara cabe na altura da garrafa?
* A Composição (Metalinguagem):
* Parte de Cima: Desenho de observação clássico (frontal).
* Parte de Baixo: Desenho de imaginação/observação em perspectiva. Desenhe as bordas do papel inclinadas (formando um trapézio) para dar a ilusão de que a folha está deitada na mesa, criando o efeito de profundidade.
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Marcelo Maria de castro
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O Ritual do Traço: A Metafísica do Cotidiano Por Marcelo Maria de Castro
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Desenho Contemplativo
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Desenhar é presença: meditar com os olhos abertos, escutar o mundo e criar com atenção plena. Respirar, observar, desenhar. MMC INFINITO.
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